segunda-feira, 24 de outubro de 2011



A campanha eleitoral

No tempo do rei David havia três formas de chegar ao trono para governar a nação: pela sucessão, pela nomeação e pela força. Todas elas têm de ter o apoio do povo sem excepção. David entendeu isso muito bem, mesmo tendo o apoio de Deus ao ser ungido rei, tendo o apoio dos sacerdotes e dos comandantes do seu exército, mesmo assim ele esperou pela aprovação do povo: Representantes de todas as tribos de Israel foram dizer a Davi, em Hebrom: “Somos sangue do teu sangue. No passado, mesmo quando Saul era rei, eras tu quem liderava Israel em suas batalhas. E o SENHOR te disse: ‘Você pastoreará Israel, o meu povo, e será o seu governante’ ”. Então todas as autoridades de Israel foram ao encontro do rei Davi em Hebrom; o rei fez um acordo com eles em Hebrom perante o SENHOR, e eles ungiram Davi rei de Israel. Davi tinha trinta anos de idade quando começou a reinar, e reinou durante quarenta anos. Em Hebrom, reinou sobre Judá sete anos e meio, e em Jerusalém reinou sobre todo o Israel e Judá trinta e três anos. (2Samuel 5:1 a 5). Repare que foram os representantes do povo a irem ter com David e não o contrário. David foi nomeado rei de toda a nação de Israel mas não houve nenhum escrutínio. Ele foi nomeado rei porque Deus estava com ele e todo o povo entendeu isso muito bem. Já o mesmo não se pode dizer do seu filho Absalão. Absalão tentou alcançar o trono e o poder pelas artes da política hipócrita e traidora. Ele iniciou uma campanha para adquirir eleitorado e assim ter o apoio do povo quando se apropriasse indevidamente do trono de seu pai David. Uma campanha eleitoral sem ida às urnas. Absalão tinha morto o seu meio irmão Amnom por ele ter violado a sua irmã Tamar. E andou fugido durante três anos enquanto durou a ira e o luto de seu pai, o rei David por Amnom. Por essa altura, Joabe que era o principal comandante das tropas do rei David, intercedeu por Absalão para que ele pudesse voltar a Jerusalém. Joabe percebeu que o rei David já tinha perdoado a Absalão. E Absalão voltou a Jerusalém. Mas voltou com um plano traidor a fervilhar na mente: Algum tempo depois, Absalão adquiriu uma carruagem, cavalos e uma escolta de cinqüenta homens. Ele se levantava cedo e ficava junto ao caminho que levava à porta da cidade. Sempre que alguém trazia uma causa para ser decidida pelo rei, Absalão o chamava e perguntava de que cidade vinha. A pessoa respondia que era de uma das tribos de Israel, e Absalão dizia: “A sua causa é válida e legítima, mas não há nenhum representante do rei para ouvi-lo”. E Absalão acrescentava: “Quem me dera ser designado juiz desta terra! Todos os que tivessem uma causa ou uma questão legal viriam a mim, e eu lhe faria justiça”. E sempre que alguém se aproximava dele para prostrar-se em sinal de respeito, Absalão estendia a mão, abraçava-o e beijava-o. Você reconhece estas posturas, nos políticos de hoje, quando estão em campanha eleitoral? É a mesma coisa! As mesmas promessas falsas, os mesmos sorrisos, os mesmos abraços e beijos carismáticos. Absalão era um homem bonito e tirava partido disso em “campanha”: Em todo o Israel não havia homem tão elogiado por sua beleza como Absalão. Da cabeça aos pés não havia nele nenhum defeito. Sempre que o cabelo lhe ficava pesado demais, ele o cortava e o pesava: eram dois quilos e quatrocentos gramas, segundo o padrão do rei. (2Samuel 14:25,26); Absalão agia assim com todos os israelitas que vinham pedir que o rei lhes fizesse justiça. Assim ele foi conquistando a lealdade dos homens de Israel. Ao final de quatro anos, Absalão disse ao rei: “Deixa-me ir a Hebrom para cumprir um voto que fiz ao SENHOR. Quando o teu servo estava em Gesur, na Síria, fez este voto: Se o SENHOR me permitir voltar a Jerusalém, prestarei culto a ele em Hebrom”. “Vá em paz!”, disse o rei. E ele foi para Hebrom. Absalão enviou secretamente mensageiros a todas as tribos de Israel, dizendo: “Assim que vocês ouvirem o som das trombetas, digam: Absalão é rei em Hebrom”. É interessante constatar, que Absalão se auto-intitulou rei, na mesma cidade de Hebrom, em que o seu pai David esperou para ser nomeado rei pelo povo de Israel. Não foram necessárias artimanhas, nem a usurpação do poder, para David ser nomeado rei por todo o povo. Absalão levou duzentos homens de Jerusalém. Eles tinham sido convidados e nada sabiam nem suspeitavam do que estava acontecendo. Depois de oferecer sacrifícios, Absalão mandou chamar Aitofel, da cidade de Gilo, conselheiro de Davi. A conspiração ganhou força, e cresceu o número dos que seguiam Absalão. Então um mensageiro chegou e disse a Davi: “Os israelitas estão com Absalão!” Em vista disso, Davi disse aos conselheiros que estavam com ele em Jerusalém: “Vamos fugir; caso contrário não escaparemos de Absalão. Se não partirmos imediatamente ele nos alcançará, causará a nossa ruína e matará o povo à espada”. (2Samuel 14:33 e 15:1 a 14). No final da conspiração e das tentativas que Absalão promoveu para matar o seu pai e se apoderar do trono, resultaram na sua própria morte. Deus não estava com Absalão e sim com o rei David. Embora até parecesse que o tinha abandonado, quando David teve de fugir, para não morrer às mãos do seu próprio filho. Absalão não tinha o coração íntegro para com Deus, toda a sua vida adulta foi passada em tramas, conspirações, traições e assassinatos; o seu carácter era moldado pela ambição, pela cobiça e pela vaidade. Como muitos políticos (e ainda hoje), pensou que podia governar com a sua esperteza e carisma e até parecia que isso bastava para o povo. Mas Deus não consentiu. O rei David também cometeu erros mas arrependeu-se deles todos e o seu coração estava recto diante de Deus: Não é ele (Deus) que diz aos reis: ‘Vocês nada valem’, e aos nobres: ‘Vocês são ímpios’? Não é verdade que ele não mostra parcialidade a favor dos príncipes, e não favorece o rico em detrimento do pobre, uma vez que todos são obra de suas mãos? Morrem num momento, em plena noite; cambaleiam e passam. Os poderosos são retirados sem a intervenção de mãos humanas. “Pois Deus vê o caminho dos homens; ele enxerga cada um dos seus passos. (Jó 34:18 a 21); Portanto, humilhem-se debaixo da poderosa mão de Deus, para que ele os exalte no tempo devido. (1Pedro 5:6).