quarta-feira, 17 de agosto de 2011


Nova consciência

Não tenho nenhuma pretensão de que as palavras escritas neste blog, sejam minhas, sejam de outras pessoas citadas por mim, venham a substituir o que está escrito na Bíblia que é a Palavra de Deus. Pretendo sim partilhar aquilo que aprendo e colocá-lo à prova de quem leia e até não concorde muitas vezes mas tenha o prazer de comunicar em amor, a sua opinião, para crescermos juntos. Nada neste caminhar é estanque. A opinião dos outros é importante porque Deus trabalha em nós, no nosso carácter quando estamos em confronto com outras pessoas, além de que Ele nos fez seres comunicantes. Só há muito pouco tempo é que me tem sido dado a perceber a profundidade do mal contido no orgulho, e o enorme valor que a humildade de coração em oposição tem para Deus. Claro que todos sabemos de uma forma ou outra o que significa orgulho mas eu estou a falar de uma condição, numa busca em Deus do que é a santidade e perceber o que está contido nas palavras de Jesus verdadeiramente. Conhecemos o que está escrito mas não conhecemos o suficiente da profundidade delas. Precisamos de revelação e da graça de Deus a operar no nosso íntimo, para matar o nosso ego, e claro o combustível que o alimenta, ou seja... o orgulho! A humildade é fruto de uma busca de santidade! Estou a aprender, com temor, porque começo verdadeiramente a conhecer o peso que as palavras, os actos, e as intenções têm na nossa caminhada. Tudo é posto à prova. Andrew Murray no seu livro sobre - a humildade- diz: A vida dos santos tem necessáriamente de exibir o selo de liberdade e plena restauração do seu estado original; todo o seu relacionamento com Deus e com o homem tem de ser marcado por uma humildade que a tudo permeia. Sem isso não pode permanecer verdadeiramente na presença de Deus ou experimentar do Seu poder e o poder do Seu Espírito; sem isso não há fé, ou amor, ou regozijo ou força permanentes. Também afirma: Durante muito tempo conhecemos o Senhor sem perceber que a mansidão e a humildade de coração devem ser os aspectos distintivos do discípulo assim como foram do Mestre. Essa humildade não é algo que virá por si mesma, mas deve ser feita o objecto de especial desejo, oração, fé e prática. Vamos ver que quando temos a percepção do nosso orgulho e de nossa impotência para expulsá-lo, o próprio Jesus Cristo virá para dar essa graça também como parte de sua maravilhosa vida dentro de nós. Aqui lembro-me do que o Senhor Jesus falou para Nicodemos em João 3:5: “Digo-lhe a verdade: Ninguém pode entrar no Reino de Deus, se não nascer da água e do Espírito. O que nasce da carne é carne, mas o que nasce do Espírito é espírito. Não se surpreenda pelo fato de eu ter dito: É necessário que vocês nasçam de novo. Murray continua: A vida de Deus, a qual, na encarnação, entrou na natureza humana, é a raíz da qual devemos estar firmados e crescer; é o mesmo poder grandioso que trabalhou lá, e desde então ruma para a ressurreição, que trabalha diáriamente em nós. A nossa única necessidade é estudar e conhecer a vida que agora é nossa e espera pelo nosso consentimento para ganhar possessão e domínio em todo o nosso ser. Somos filhos de Deus e temos de diminuir para Ele crescer, como disse João Batista. A diminuição do ego é proporcional ao crescimento da humildade e da liberdade em Cristo. Em Lucas 9:48 lemos: Aquele que é o menor entre vós, esse será o maior. Será que eu me considero a menor entre os irmãos em Cristo? Parece-me que ainda estou como os discípulos de Jesus na Santa Ceia estavam: São impotentes os nossos esforços e todos os ensinamentos externos para vencer o orgulho ou dar o coração manso e humilde. Durante três anos os discípulos andaram com Jesus e ele disse-lhes: Aprendei de mim pois sou manso e humilde. Ele falava assim a todos, às multidões, aos fariseus, aos discípulos. O Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir. Ele lavou os pés dos discípulos e disse para eles seguirem o seu exemplo. Mas serviu de pouco. Na Santa Ceia ainda discutiam qual deles seria o maior. Isso ensina-nos que a lição mais necessária é que nenhuma instrução exterior, mesmo vinda de Jesus, nenhum argumento por mais convincente que seja; nenhuma percepção da beleza da humildade, por mais profunda que seja, nenhuma decisão pessoal ou esforço, por mais sincero e sério que seja, pode expulsar o mal do orgulho. Quando satanás expulsa satanás isso serve apenas para introduzir novamente um poder mais forte, ainda mais oculto. Nada pode ser útil, a não ser isto: que a nova natureza em sua divina humildade seja revelada em poder para tomar lugar da velha, para tornar a nossa natureza tão verdadeira como nunca foi. Pelo que eu entendi, Murray está a dizer que o nosso orgulho veio de Adão, resultado da queda e que a nossa humildade vem de Jesus quando a vida de Jesus entra em nós e que nessa nova vida a humildade tem de tal modo ser fácil para nós como era fácil antigamente ser orgulhoso. Ou seja, onde abundou o pecado, transbordou a graça. A humildade de Jesus não consiste meramente em opiniões ou palavras de auto-depreciação, mas como Paulo coloca, em “um coração de humildade”, cercado de compaixão e amabilidade, mansidão e longanimidade,a doce e humilde gentileza reconhecida como a marca do Cordeiro de Deus. Eu entendo assim, que a humildade é como um puxador de porta que ao se rodar a abre para uma nova liberdade, sem peso, sem conflito, sem comparação com os outros e sem complexos. Em esforçar-se por ter as experiências mais elevadas da vida cristã, o crente está frequentemente sob o perigo de visar e de se regozijar no que alguém pode chamar de a virtude mais humana e valorosa, como ousadia, alegria, desprezo ao mundo, zelo, auto-sacrifício – até mesmo os estóicos ensinaram e praticaram isso – enquanto as mais profundas e gentis, as mais divinas e as mais celestiais graças, aquilo que Jesus primeiro ensinou sobre a terra, pois trouxe do céu, aquilo que está mais evidentemente ligado à Sua cruz e com a morte do ego – pobreza de espírito, mansidão, humildade, modéstia – são raramente consideradas ou valorizadas. O homem humilde pode louvar a Deus quando outros são preferidos e abençoados antes de ele ser. Temos de vigiar para que o maligno não ganhe terreno sobre o nosso coração, daí a importância da oração na qual está incluída a comunhão com Deus, meditar na Palavra e pedir revelação e sabedoria ao Senhor. Querer conhecer mais do nosso Senhor e assim entregarmo-nos com amor e temor a Ele. Para que não aconteça connosco o que aconteceu com aquele homem que subiu ao templo para orar, em Lucas 18:11: Ó Deus graças te dou porque não sou como os demais homens...nem ainda como este publicano. O ego acha razão para a sua satisfação naquilo que é apenas o motivo para as acções de graças, nas próprias acções de graças que rendemos a Deus e na própria confissão de que Deus fez tudo isso. Sim, até mesmo no templo, quando a linguagem de penitência e confiança somente na misericórdia de Deus é ouvida, o fariseu pode começar a louvar e agradecendo a Deus, estar a congratular-se a si mesmo. O orgulho pôde vestir-se com vestes de louvor ou de penitência. Deixa-nos a pensar estas palavras, porque faz com que olhemos com outra perspectiva para os nossos corações e para o que acontece dentro de nós."Não existe maior sinal de um orgulho confirmado do que julgar-nos suficientemente humildes", como disse William Law. Jesus está constantemente a avisar-nos quanto a isso. Nos evangelhos especialmente no de João, Jesus revela-nos o tempo todo a importância da humildade e da obediência ao Pai e Seus ensinamentos, Paulo, Pedro, João, Tiago e outros, fizeram o mesmo após o Pentecostes, onde deixaram as questões mais carnais aos pés de Jesus e ganharam o poder do Espírito. Ainda estou só no começo desta nova consciência. Graças a Deus, ela está a abrir-se e a revelar-se a cada dia. Faça comigo esta oração: Querido Pai, que a humildade de Jesus esteja em mim e ao meu redor, pelo Teu poder em Nome de Jesus. Amém!