sábado, 8 de outubro de 2011

Eu em Ti e eles em Mim

Eu os fiz conhecer o teu nome, e continuarei a fazê-lo, a fim de que o amor que tens por mim esteja neles, e eu neles esteja”. (João 17:26)

Quando eu era criança, pensava que era feio apontar, porque se podia espetar o dedo num dos olhos de Deus. Era o meu conceito infantil da omnipresença de Deus. Eu imaginava Deus, sempre a desviar-se de todas as pessoas que apontavam os dedos para qualquer coisa, então achava que Ele devia ser a pessoa mais rápida do mundo. A Bíblia diz que o Senhor Jesus é a imagem de Deus invisível (Colossenses 1:15) e no evangelho de João está escrito que o Senhor Jesus disse: Quem me vê, vê o Pai. (João 14:9b). E você como vê Deus? Que ideia faz Dele? Para a maioria dos não-cristãos, Ele é o culpado do caos em que o mundo está. As pessoas culpam Deus de todas as tragédias e desgraças que acontecem, tanto no mundo como nas suas vidas. E vêem-no como um déspota sádico. Outros para não o verem assim, dizem que Ele não existe. Só não conseguem explicar o facto da persistência da ideia da existência de Deus nas suas mentes. Mas o ateu é assim mesmo... combate aquilo que afirma acreditar que não  exista. É como, se alguém se esforçasse o tempo todo, por provar a existência do pai natal. Impossível! E você caro irmão(a) em Cristo, como vê Deus? Você dirá: Vejo Deus como Ele é, já sei que essa é a sua resposta. Se você, por exemplo, for uma pessoa apressada, acredito que vai ver o Senhor Jesus como um Deus que não tem tempo a perder! Ou se calhar você é mais para o autoritária, então acredito que provavelmente a sua visão será a de um Deus mandão; pode ser que não seja nada assim, porque você é uma pessoa que detesta conflitos, então você poderá ter a tendência para ver Deus sempre tolerante; mas se ao invés disso você for uma pessoa um pouco medrosa e insegura, talvez formalize a ideia de um Deus rígido e severo e terá medo de errar; se você é um pouco infantil então Deus para si carregará um saco cheio de presentes; mas não, você é simplesmente uma pessoa carente e tristonha, então Deus será aquele que estende a toda a hora um lenço para você  limpar as lágrimas; mas se você for destemido e corajoso, você verá Deus como um super-herói, e assim sucessivamente... Deus é sempre aquilo que imaginamos e tanto queremos que Ele seja. O problema é quando o nosso imaginário não corresponde àquilo que está escrito na Bíblia. Tenho-me apercebido que há pessoas que não gostam do Deus do Antigo Testamento. Para elas Ele é um Deus sanguinário, que manda matar até crianças e promove a guerra. Em contrapartida deliciam-se com o Senhor Jesus porque Ele é um querido, leva os cordeirinhos aos ombros e pega nas criancinhas ao colo e nem se apercebem de que estão a falar do mesmo Deus. Há aqueles que também estão sempre a pôr palavras na boca de Deus, ao falarem coisas que Deus não mandou falar. Temos de crescer no temor a Deus, para evitar essas coisas! O que de facto Deus nos falou e mandou dizer? E o que é que provém, e só, das nossas mentes imaginativas e esperançosas? O Senhor Jesus diz que quem o vê, vê o Pai e que o: “o fruto do Espírito é amor, alegria, paz, paciência, amabilidade, bondade, fidelidade, mansidão e domínio próprio. Contra essas coisas não há lei.” (Gálatas 5:22,23). Todas estas características são resultantes da personalidade de Deus, daquilo que o caracteriza e daquilo que opera em nós para a santificação das nossas almas, através do Seu Espírito que habita em nós (2Timóteo 1:14). E não pode haver lei contra elas, porque são divinas e santas. Todas operam em nós, quando somos avivados pela vida de Deus a moldar os nossos corações e a manifestar-se nas nossas atitudes diárias. O apóstolo Paulo falou assim: Ainda que eu fale as línguas dos homens e dos anjos, se não tiver amor, serei como o sino que ressoa ou como o prato que retine. Ainda que eu tenha o dom de profecia e saiba todos os mistérios e todo o conhecimento, e tenha uma fé capaz de mover montanhas, se não tiver amor, nada serei. Ainda que eu dê aos pobres tudo o que possuo e entregue o meu corpo para ser queimado, se não tiver amor, nada disso me valerá. O amor é paciente, o amor é bondoso. Não inveja, não se vangloria, não se orgulha. Não maltrata, não procura seus interesses, não se ira facilmente, não guarda rancor. O amor não se alegra com a injustiça, mas se alegra coma verdade. Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. O amor nunca perece...(1Coríntios 13:1-8). Acredito de todo o meu coração, que Paulo está a dizer que o amor é a própria essência de Deus, a principal característica da Sua personalidade e que sem o amor no coração pelo nosso próximo, estaremos impossibilitados de fazer a obra Dele. Sem esse amor a alegria, a paz, a bondade e todas as outras características do fruto do Espírito também não se manifestarão porque não sabemos onde começa e onde acaba cada uma delas, todas se interligam. Mas o amor foi o que Paulo descreveu em pormenor e sabemos que é um amor totalmente despojado e totalmente impossível para nós simples humanos o praticar, e muito menos manifestá-lo sem o poder do Espírito Santo a operar nos nossos corações. Esse amor na sua plenitude, encontramo-lo na pessoa do Senhor Jesus, tanto na Sua relação de reverente humildade com o Pai, quanto na Sua relação connosco. Paulo diz que “sem amor nada serei”, ou seja, o que o  Senhor Jesus é não se manifestará em mim e através de mim sem amor. Não terei alegria a desempenhar o meu ministério, ele será só um peso e uma obrigação. Isso transparecerá nas minhas acções. Mas Deus diz que temos de fazer as coisas para Ele com alegria no coração. Jesus é sempre o nosso exemplo pleno: Ele, pela alegria que lhe fora proposta, suportou a cruz, desprezando a vergonha, e assentou-se à direita do trono de Deus. (Hebreus 12:2b); O Senhor Jesus desempenhou o Seu ministério com alegria no Seu coração porque sabia que a nossa salvação dependia das Suas acções. A nós também nos é proposta uma alegria ao servir os outros. Se não me preocupar tanto comigo e mais com o meu próximo, Jesus promete como está escrito em Filipenses 4:6,7,assim: Não andem ansiosos por coisa alguma, mas em tudo, pela oração e súplicas, e com acção de graças, apresentem seus pedidos a Deus. E a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará o coração e a mente de vocês em Cristo Jesus; Orem por nós. Estamos certos de que temos consciência limpa, e desejamos viver de maneira honrosa em tudo. (Hebreus 13:18); Digo a verdade em Cristo, não minto; minha consciência o confirma no Espírito Santo...(Romanos 9:1); a pessoa que está com Deus só pode ter paz se tiver uma consciência limpa e nada a acusar, ou seja se estiver sem pecado consciente. Esta é a única forma de manter a comunhão com o Espírito Santo. Como poderemos ter paciência se não perseverarmos em amor, alegria e paz no Espírito Santo? Como suportaremos as contrariedades, as demoras, os dissabores deste mundo e do nosso próximo, sem essa capacitação divina? E isso para que vocês vivam de maneira digna do Senhor e em tudo possam agradá-Lo, frutificando em toda boa obra, crescendo no conhecimento de Deus e sendo fortalecidos com todo o poder, de acordo com a força da sua glória, para que tenham toda a perseverança e paciência com alegria, dando graças ao Pai, que nos tornou dignos de participar da herança dos santos no reino da luz. Colossenses 1:10-12); Se somos atribulados, é para consolação e salvação de vocês; se somos consolados, é para consolação de vocês, a qual lhes dá paciência para suportarem os mesmos sofrimentos que nós estamos padecendo. E a nossa esperança em relação a vocês está firme, porque sabemos que, da mesma forma como vocês participam dos nossos sofrimentos, participam também da nossa consolação. (2Coríntios 1:6,7); Ao servo do Senhor não convém brigar mas, sim, ser amável para com todos, apto para ensinar, paciente. (2Timóteo 3:24); Quando somos amaldiçoados, abençoamos; quando perseguidos, suportamos; quando caluniados, respondemos amavelmente. Até agora nos tornamos a escória da terra, o lixo do mundo. (1Coríntios 4:12,13). Por vezes um gesto amável, uma palavra amável são o suficiente para quebrar o gelo, a rispidez de alguém ou a indiferença. Ser amável com quem nos maltrata e calunia é algo que só Deus pôde transformar dentro de nós. Em Actos dos Apóstolos deparamo-nos com um acto de bondade da parte de Pedro e João para com um paralítico: Disse Pedro: “Não tenho prata nem ouro, mas o que tenho, isto lhe dou. Em nome de Jesus Cristo, o Nazareno, ande”. Segurando-o pela mão direita, ajudou-o a levantar-se, e imediatamente os pés e os tornozelos do homem ficaram firmes. E de um salto pôs-se em pé e começou a andar. (Actos dos Apóstolos 3:6-8); Então Pedro, cheio do Espírito Santo, disse-lhes: “Autoridades e líderes do povo! Visto que hoje somos chamados para prestar contas de um acto de bondade em favor de um aleijado, sendo interrogados acerca de como ele foi curado, saibam os senhores e todo o povo de Israel que por meio do nome de Jesus Cristo, o Nazareno, a quem os senhores crucificaram, mas a quem Deus ressuscitou dos mortos, este homem está aí curado diante dos senhores. (Actos dos Apóstolos 4:8-10). Repartir com os outros aquilo que de melhor temos para dar, não é simplesmente dar uma esmola a um pobre e virar as costas. O que de melhor temos para dar é o Senhor Jesus Cristo e o Seu poder para salvar e ressuscitar tanto para a vida eterna como para as coisas “mortas” que temos nesta vida. O nome do Senhor Jesus tem poder para mudar as vidas das pessoas, como mudou a vida do paralítico que estava no caminho de Pedro e João. Ser leal a Deus é a condição de todo o cristão. Mas como se manifesta na nossa vida essa fidelidade? Acredito que é quando falamos a verdade para as pessoas com quem nos cruzamos, quando honramos a nossa palavra e os compromissos que assumimos. O Senhor Jesus foi sempre fiel à palavra do Pai e não falhou no compromisso que assumiu com Ele. Você vai ser fiel a Deus e para o que Ele o chamou para fazer ou não? Seja o seu ‘sim’, ‘sim’, e o seu ‘não’, ‘não’; o que passar disso vem do Maligno. (Mateus 5:37). Preciso da mansidão para poder perdoar a quem me ofendeu, quem me ofende e a quem ainda me irá ofender: Tomem sobre vocês o meu jugo e aprendam de mim, pois sou manso e humilde de coração, e vocês encontrarão descanso para as suas almas. (Mateus 12:29). É um jugo, porque ainda temos de fazer a nossa parte face ás circunstâncias que se nos apresentam, mas a mansidão colocará como que “um travão” no nosso mau génio, na ira que deseja sempre aparecer: E quando estiverem orando, se tiverem alguma coisa contra alguém, perdoem-no, para que também o Pai celestial lhes perdoe os seus pecados. Mas se vocês não perdoarem, também o seu Pai que está nos céus não perdoará os seus pecados”. (Marcos 11:25,26). Um coração irascível e irado é um coração tardio em perdoar; e um coração tardio em perdoar é um coração que não está a andar em amor, não está em paz, não se alegra, não consegue ser amável, e muito menos é bondoso porque está ressentido e é implacável. Para dominar as obras da carne precisamos muito do domínio próprio. Sem ele cairemos nas tentações do diabo e ficaremos dominados pelo pecado: Da mesma forma, considerem-se mortos para o pecado, mas vivos para Deus em Cristo Jesus. Portanto, não permitam que o pecado continue dominando os seus corpos mortais, fazendo que vocês obedeçam aos seus desejos. Não ofereçam os membros do corpo de vocês ao pecado, como instrumentos de injustiça; antes ofereçam-se a Deus como quem voltou da morte para a vida; e ofereçam os membros do corpo de vocês a ele, como instrumentos de justiça. Pois o pecado não os dominará, porque vocês não estão debaixo da Lei, mas debaixo da graça. (Romanos 6: 11-14); Quem é dominado pela carne não pode agradar a Deus. Entretanto, vocês não estão sob o domínio da carne, mas do Espírito, se de fato o Espírito de Deus habita em vocês. E, se alguém não tem o Espírito de Cristo, não pertence a Cristo. Mas se Cristo está em vocês, o corpo está morto por causa do pecado, mas o espírito está vivo por causa da justiça. E, se o Espírito daquele que ressuscitou Jesus dentre os mortos habita em vocês, aquele que ressuscitou a Cristo dentre os mortos também dará vida a seus corpos mortais, por meio do seu Espírito, que habita em vocês. (Romanos 8: 8-11); “Tudo me é permitido”, mas nem tudo convém. “Tudo me é permitido”, mas eu não deixarei que nada me domine. (1Coríntios 6:12).  Eu quero essa vida a fluir de dentro de mim para amar o meu próximo. É um desejo, um clamor! Eu quero ter amor e alegria no meu ministério, quero ter uma consciência limpa e irrepreensível perante Deus, ser capacitada para falar sempre a verdade de Deus e a honrar os meus compromissos, custe o que custar. Não quero pecar. Ficou tanto por dizer acerca do que o Senhor é e sobre o fruto do Seu Espírito. Mas isto que eu já sei, quis partilhar consigo: Tão-somente vivamos de acordo com o que já alcançamos. (Filipenses 3:16). Senhor, se não fores comigo para que tudo isto se cumpra na minha vida, não será com certeza a força do meu braço a fazê-lo. Ámem!